terça-feira, 15 de março de 2011

kawasaki zx10r


Kawasaki ZX-10R vs. Yamaha YZF R1

Enviado por Eduardo Zampieri on 16 de Fevereiro de 2011 – 6:141 Comentário

Kawasaki ZX-10R vs. Yamaha YZF R1, duas superbikes japonesas em versões 2010. Qual a melhor?
Recentemente testamos a versão 2010 da Kawasaki ZX-10R no lugar onde ela pôde mostrar suas armas, a pista de Interlagos. Ao final de muitas voltas não houve como não elogiar a nova Ninja. Motor, câmbio, suspensões, freios, tudo mereceu nota dez.
Pouco tempo depois a Yamaha Brasil nos avisou da chegada de sua YZF R1, também em versão 2010. E um grande ponto de interrogação surgiu: como seria um duelo entre ambas? As duas são o que há de mais atual no segmento, uma vez que tanto a Honda CBR 1000RR Fireblade como a Suzuki GSX-R 1000 à venda no Brasil têm projetos mais antigos. Porém, apesar do título Mundial de Superbikes 2009 ter sido conquistado pelo texano Ben Spies, montado numa R1, essa Yamaha não conquistou a unanimidade que se esperaria de uma campeã mundial junto ao público, e o alvo das críticas é, acredite se quiser, o desempenho…
A dedo dos críticos da Yamaha YZF R1 aponta para o virabrequim crossplane, pela primeira vez usado numa moto de série, tecnologia derivada do motor 4 em linha usado na M1 de um certo Valentino Rossi, na MotoGP. Tal virabrequim se caracteriza por ter um ângulo entre os moentes (onde se apoiam as bielas, Mané…) diferente do usual, e que visa transmitir a potência do motor à roda de modo menos agressivo, sacrificando menos o pneu e facilitando a gestão dos muitos cavalos. Quer saber mais? Consulte a pág. 50 da edição de MOTO! nº 170 (fevereiro 2009).
Esta R1 com esse tipo de motor, apelidado de “Big Bang”, decepciona quem estava acostumado ao “urro” do 4-em-linha, pois a Yamaha fez uma moto para ser efetiva em pista, mas a galera, ou melhor, a maior parte dos donos de R1 só sabem acelerar na reta, e daí a bronca. Seja como for, o duelo entre R1 e ZX-10R em Interlagos foi esclarecedor em todos os sentidos. Em nosso “quintal”, onde conhecemos cada centímetro do asfalto, pudemos verificar como a verde Ninja e seu clássico motor 4 em linha se comportou face a intrigante YZF R1 e seu polêmico motor “crossplane”. E não só isso…
Estilo
ZX-10: 9,5
R1: 9
As duas contam com pinças e bombas radiais em seus sistemas de freio
Kawasaki Ninja que se preze tem de ser verde, e a ZX-10R deste teste era assim. O spoiler branco e a rabeta preta quase não se destacam perto de tanto verde. Linda, pequena e leve, parece mais uma 600 nas dimensões. Quadro, balança e as rodas pretas dão à Ninja um ar malvado. A visão que o piloto tem do cockpit é maravilhosa: painel é compacto, contagiros redondo de fundo branco e display digital incrustado. O amortecedor de direção Öhlins sobre a mesa e as regulagens à mostra da suspensão dianteira provam que a Ninja é uma “ferramenta” sofisticada.
A R1 do teste era toda preta com rodas douradas, um conjunto extraordinário. A R1 aparenta ser mais volumosa, principalmente na traseira, onde as duas ponteiras gigantes não inspiram nenhuma leveza. Os discos de freio tipo “wave” da Kawasaki saltam aos olhos, mas as pinças de freio com seis pistões cada da R1 também intimidam. O amortecedor de direção da R1 fica escondido junto à coluna de direção, mas o painel chega a ser tão ou mais bonito que o da ZX-10R. Eles têm quase a mesma quantidade de informação, mas são bem diferentes na configuração. Na R1 tudo é maior, o contagiros tem fundo preto e o display digital é separado.
Na R1 há a indicação de qual mapa de injeção estamos utilizando (sim, cardápio “à la carte”…). Quando ligamos a moto ele está sempre no Standard, mas podemos ainda selecionar o A (motor mais forte) e o B (mais fraco). O shiftlight, o flash de aviso do limite de rotação atingido, é bem maior e mais luminoso na R1.
A ZX-10R também tem uma versão preta e é difícil dizer qual é mais bonita, se a Yamaha ou a Kawasaki. Por causa das ponteiras de escape que poderiam ser menores, a R1 perde meio pontinho.
Motor
ZX-10: 9,5
R1: 9
O ruído parecido com o da Ducati e a “pegada” um tanto semelhante à de um V2 desagradou a alguns, que atacam dizendo que quem quer um V2 comprará a Ducati, e não uma japonesa que a imita. Pois é. A Yamaha fez sua R1 ter som e comportamento do motor muito “V2”, o que é meio paradoxal. Mas daí a falar que ela não é boa ou mais fraca
é besteira. Em pista é muito mais fácil extrair a potência da R1 que da ZX-10R, e isso se deve ao tal virabrequim crossplane, que causa o som e a tal pegada de V2 que alguns não gostam.
A resposta do acelerador da Kawa surge de imediato e a potência vem em forma de patada. O piloto deve sempre manter o corpo inclinado à frente, com a cabeça bem ao lado da bolha durante as curvas. Na R1 tudo é mais suave e progressivo: quando viramos o acelerador com fé a impressão é que ela não tem os 182 cv anunciados, e isso faz o piloto ficar tranquilo, com total segurança e torcendo o tubo com fé precocemente.
Na Ninja não dá para brincar, apesar de ela ter um controle eletrônico de tração que não deixa a roda traseira patinar. Mesmo com ele, em curvas de alta o receio de acelerar tudo existe, e nas saídas de curvas de baixa a frente sai do chão sempre. Na R1 a frente está sempre mais pregada no chão e em vez da roda patinar ela empurra a moto para a frente. Enfim, em termos de sensação, andar na ZX-10R “causa” mais, mas o tempo de volta de ambas é semelhante – na casa de 1min50s. Vence a Ninja por meio pontinho, justamente pelo seu motor oferecer mais emoção.
Consumo
ZX-10: 7,5
R1: 7
Na R1 cabem 18l contra 17l na ZX-10R, e apesar dessa desvantagem a Ninja rodou 140 km em Interlagos até a luz da reserva acender, enquanto que na R1 a luz acendeu com 120 km. Ou seja, consumos na casa dos 7 km/l para a Yamaha e 8 km/l para a Kawasaki, marcas estas que difícilmente são repetidas na estrada, onde ninguém anda tanto tempo na faixa vermelha do contagiros. Ainda bem…
Transmissão
ZX-10: 9
R1: 9,5
As trocas de marchas são bem macias em ambas. Dentro da pista as marchas entram quase que com a força do pensamento, basta encostar no pedal. A ZX-10R não exige o uso da sexta marcha em Interlagos, porém a R1 sim. As duas têm sistema antiblocante na embreagem, mas o da R1 é melhor, pois permite reduzir de sexta para primeira marcha sem que a roda traseira nem ameace travamento.
Suspensões
ZX-10: 9,5
R1: 9
As suspensões dianteiras são o que existe de melhor no mercado. Melhor que isso só se elas tivessem assistência de regulagem eletrônica, mas isso elevaria o peso. A ZX-10R usa um belo par de Kayaba invertidas, com 43 mm de diâmetro e 127 mm de curso. As regulagens são infinitas, inclusive com possibilidade de ajuste para alta e baixa velocidade. A R1 vem equipada com bengalas Soqi também de 43 mm de diâmetro e com 120 mm de curso. Em ambas o monoamortecedor atrás completamente regulável e balança de alumínio são padrão. Numa, a R1, reina o sistema Monocross. Na Kawa, o bom e velho Uni-Trak. Na prática elas são muito semelhantes no comportamento na pista, a grande diferença fica por conta do ângulo de cáster menor na R1, que opta por um ângulo mais fechado de 24º, enquanto na ZX-10R são 25,5º. Resumidamente isso dá mais estabilidade em curvas para a Kawa e agilidade e menos esforço nos braços para a R1. As duas motos estavam calçadas com os bons Pirelli Diablo III de duplo composto, portanto foi possível julgar bem o comportamento das suspensões.
Como a R1 é 6 kg mais pesada e traciona melhor, a regulagem tem de ser diferente. O acerto de fábrica da ZX-10R se mostrou mais duro, deixando-a mais equilibrada, enquanto a R1 vem mais macia, mole demais nas acelerações ainda inclinada. Nas frenagens a frente da R1 afundava demais, deixando a traseira muito solta, mas óbvio que era apenas questão de regular para o peso e a tocada do piloto. Como a ZX-10R se mostrou mais precisa, meio ponto a mais.
Freios
ZX-10: 9,5
R1: 9,5
Outra comparação difícil! As duas são equipadas com o que há de melhor. A R1 tem pinças radiais de seis pistões na frente, equivalentes as pinças de 4 pistões da ZX-10R. Os dois discos dianteiros de ambas são do mesmo tamanho, 310 mmØ. Curiosamente a Kawasaki utiliza pinças Tokico e bomba radial Nissin, a intenção é dar mais progressividade e feeling aos dedos do piloto. O tato na R1 é um pouco mais brusco. O freio traseiro é pouco utilizado em Interlagos, mas quando é preciso, depende muito da regulagem da suspensão para mostrar sua eficiência. Como a frente da R1 estava muito mole, bastava encostar o pé no pedal para a roda travar. Não tivemos problema de superaquecimento do sistema, mesmo porque o tempo de volta de 1min50s é como um passeio no parque para essas motos.
Dirigibilidade
ZX-10: 9
R1: 9,5
A posição de pilotagem, com o piloto pendurado em cima da roda dianteira é igual nas duas, mas a ZX-10R, por ter menos proteção aerodinâmica, exige que se fique com as costas mais curvadas para se proteger do vento. Todavia, como a ZX-10R tem um volume geral menor que o da R1, ela se mostra mais leve em inversões de curvas rápidas.
São motos de banco alto e pedaleiras altas também, é quase impossível raspar alguma coisa no chão, mesmo intencionalmente. Na verdade elas se sentem totalmente à vontade dentro da pista, os problemas aparecem na cidade ou na estrada, onde faltará ângulo de esterço ao trafegar entre os carros, não suportam buracos e os braços ficam acabados ao viajar muitos quilômetros. O amortecedor de direção Öhlins da Kawa se mostrou mais eficiente que o da R1, que não tem regulagem. Todavia, como já adiantamos, o piloto controla melhor a potência na R1 que na ZX-10R. Se mudarmos o mapeamento da R1 para a posição B (menos potência), o piloto fica ainda mais confiante e consegue assim mesmo virar o tempo de 1min50s. A Kawa não tem esse recurso, muito útil em pista molhada, ou seja, a R1 facilitou a vida do piloto, exige menos habilidade para andar rápido.
Mercado
ZX-10: 8,5
R1: 8,5
Ao menos no Brasil, oficialmente há mais Kawasaki ZX-10R à disposição do que Yamaha R1. O preço para as versões 2010 são bem semelhantes, por volta de R$ 63 mil para a Kawa e R$ 64.200 para a R1. Seguro nas alturas e peças de reposição idem. Quanto à qualidade geral de equipamentos, motor e desempenho, elas dispensam comentários.
Como dissemos no início, estas duas “japs” são o que há de mais moderno no Brasil vindo do oriente: a Honda não trouxe a CBR 1000 RR 2010 – que não mudou muita coisa – e a Suzuki GSX-R 1000 também não tem nada de diferente da versão 2009.
O maior critério para definição de escolha é o estilo. Tem quem é “kawasaqueiro” até debaixo d’água e quem não quer saber de outra superbike que não seja R1. Ao menos dentro do circuito o motor da R1 é excelente, é sem sombra de dúvida mais efetivo para marcar ótimos tempos. Qual será a mais rápida em pista? Tudo depende de quem está em cima, mas na R1 chegar ao limite é mais fácil e seguro!!!
Total
ZX-10: 72
R1: 71
Assim como no Supertest 2009 realizado em Almeria, Espanha, a Kawasaki ZX-10R venceu a Yamaha R1, mas por pouco. Na verdade, apesar de serem duas 4-em-linha com mais de 180 cv, é o estilo de pilotagem de cada um que irá determinar qual delas a mais adequada. A ZX-10R é um pouco mais forte e de tamanho geral bem reduzido, e a R1 aparenta ser mais volumosa, a pegada e ruído do motor não agradam aos amantes dos clássicos 4-em-linha, mas é inegavelmente mais evoluída em termos técnicos e de dirigibilidade.
Cada vez mais este tipo de moto favorece a personalização, e hoje há tantos acessórios – além das opções de regulagens de suspensão e parte eletrônica – que é fácil deixar as motos dentro das expectativas de cada um de nós. Tanto a R1 quanto a ZX-10R são excelentes motos, praticamente sem defeitos, e pilotá-las dentro de um circuito é a oportunidade ideal para extrair delas o melhor, e com a fundamental segurança. Façam isso.

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